Marcos Vinicios Vilaça acaba de empossar-se, mais uma vez, na Presidência da ABL. O título aí de cima remete a uma fraterna possibilidade poética de afetos, já que é uma saudação quase onomatopéica para três Vilaças amalgamados numa unidade só: ele próprio, Maria do Carmo – mulher, e Marcantonio – filho. Eles são, sim, os Vilaça, aça, sem jaça, de aço. Isso porque nesses últimos anos o casal aninhou o filho morto numa eternidade viva, atuante, determinada. De aço. Maria do Carmo e Marcos Vilaça ressuscitam o ente querido a cada dia, insuflando-o de vida e memória, ambas sopradas pela emoção. Esse sortilégio confere aos Vilaça uma aura quase épica. Um possível triunfo contra a morte.
Por isso tudo, saúdo a volta de Marcos à Presidência da Academia Brasileira de Letras com incontido sentimento de solidariedade. Não pude ir abraçá-lo na última quinta-feira, como quase todo o Rio cultural fez. Mas daqui tiro, e faço atiçar, uma conclusão. A Casa de Machado – de há muito não mais limitada à estreiteza do chazinho dos acadêmicos – acabou por alargar-se como um vasto centro de cultura. Ali, a cultura do Rio fertiliza-se, pensa, e projeta-se para o futuro.
Essa ação é irradiadora na multiplicidade e originalidade de seus eventos. Discutem-se temas eruditos, ouvem-se modinhas enternecidas ou sambas cheios de quebrantos. Portanto, a ABL está agora recebendo Vilaça e sua diretoria para aperfeiçoar ainda mais esse saber concentrado, mas estimulante e vário.
Ricardo Cravo Albin
Pres. do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ
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