Vez por outra me refiro à excelência de certos quadros da diplomacia brasileira. Até porque a estratégia da nossa política externa vem marcando ponto. Especialmente os esforços acadêmicos empreendidos pela dupla Samuel Pinheiro Guimarães e Jerônimo Moscardo com os cursos para diplomatas da América do Sul no velho Palácio do Itamaraty.
Em Madri, onde hoje me encontro a convite do governo espanhol e do SGAE para fazer conferências, pude testemunhar a febril atividade do Embaixador José Viegas, um diplomata de primeira linha.
Ele encerra sua permanência na Espanha como um dos mais ativos chefes de representação diplomática junto à Corte de Juan Carlos. A notoriedade de Viegas na Espanha decorre de uma multiplicação de ações culturais entre os dois países. Ele desmente o velho conceito de que os embaixadores produzem pouco, em conta-gotas. Viegas arregaça as mangas, trabalha de sol a sol e produz uma quantidade de eventos que abisma. E até inebria os brasileiros que lá vivem ou que por lá passam. Agora mesmo, pude presenciar numa só semana uma febre de Brasil em Madri: uma semana de cinema brasileiro, além de um originalíssimo encontro de brasilianistas europeus na Universidade de Salamanca, a mais velha da Europa. Aliás, esse raro encontro – mais uma ação produzida pela Fundação Cultural Hispano-Brasileira, também criada por Viegas – deve fazer história, como aferição de pensar o Brasil pelo olhar europeu.
De malas prontas para novo porto – agora em Roma –, José Viegas deixa na Espanha um rastro de luz e de eventos que perlustram o Brasil que nós queremos. Mais forte, mais justo e mais original.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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