Se a Mangueira é uma nação verde e rosa, a Portela é um mundo azul. E por que?
Simplesmente porque a Escola fundada por Paulo da Portela é de fato um dos mundos do samba mais qualificados e queridos.
Desde sempre, a partir de seus fundadores, o G.R.E.S Portela é uma das entidades mais veementes do samba, dos bambas, da paixão e da empolgação dos cariocas.
Tudo isso tem hoje como representantes duas grandes figuras que nasceram no mesmo dia, este 17 de agosto. Monarco e Candeia são irretocáveis representações do melhor da gloriosa história da Portela.
Monarco, meu querido amigo de décadas, é hoje a maior legenda viva do mundo azul chefiando um clã de descendentes em azul, liderados por Mauro Diniz. Um mundo que vai do azul do mar ao azul do céu, portanto o mundo azul que abraça o planeta por baixo e por cima. A tal ponto Monarco foi e é importante que jamais posso esquecer a sua apresentação no Teatro da Academia Brasileira de Letras há alguns anos no Projeto MPB pela ABL.
Candeia, a quem conheci pouco pessoalmente, mas a quem sempre devotei grande admiração, foi bandeira azul desde que apareceu na quadra da Escola de Madureira.
Considero que é mesmo memorável o mundo azul da Águia Soberana despertar as paixões e todos os sentimentos dos que amam os folguedos públicos. Entendo que tal solidariedade só as cores das escolas de sambam podem provocar em milhares de pessoas. Multidões espalhadas pelo Brasil que idolatram este universo azul. Na verdade, se isso fosse possível, um rio tingido de azul passando por nossas vidas.
Não me deterei aqui em esmiuçar os detalhes gloriosos da biografia de cada um dos aniversariantes – ícones aqui reverenciados hoje por mim. Até porque os verbetes dos dois estão bastante claros e opulentos no nosso Dicionário da MPB.
Portanto, ergo meu brinde a essas duas referências de amor e admiração nutridos por todo Brasil.
De um lado brindo com uma taça de champagne para apenas considerar o quanto de nobreza e sangue azul eles ostentam. Na outra mão, ergo um copo da melhor cachaça do Brasil, como que a reiterar as fontes populares de onde ambos proveem.
Ricardo Cravo Albin