Venho recebendo muitos pedidos para me referir aqui às alegrias e decepções da Copa. Dentro das cada vez mais numerosas páginas de esporte de todos os jornais – e os leio muitos – chamou-me a atenção pequeníssimo detalhe de entrevista de um dos técnicos (parece que o da Inglaterra) sobre a paisagem do Rio que se descortinava aos olhos dêle nas idas e vinda com sua delegação para o aeroporto Tom Jobim. Além de mostrar agrado com o nome do maestro à porta da entrada principal para o Rio (ele, aliás, logo se declarou fã do Tom), o inglês fez uma observação que me assombrou pelo senso agudíssimo de captação de possível beleza e de sensibilidade: o canal do Mangue, em frente à Leopoldina , deveria ter – segundo ele – árvores de grande porte, de um lado e de outro. Tive que reler, para confirmar as impressões paisagísticas de um homem de futebol, aparentemente só conectado com seu ofício.
Para poder me estender sobre isso, um quase milagre, deixo de me referir hoje apenas à Copa.
O fantástico inglês tem toda a razão. E aproveito o mote para lembrar ao Prefeito Eduardo Paes, outro homem sensível e que reforma a cidade com garra e volúpia (o termo bacanal também serve como uma luva para qualificar as tantas obras que se entrelaçam e se desnudam dentro do Rio), que o Canal do Mangue já foi belíssimo e um cartão-postal carioca. Mas quando? Quando ainda lá estavam fileiras de soberbas palmeiras-imperiais. Fotografadas, filmadas até por Hollywood (anos 40-50), imortalizadas em sambas de Noel Rosa, as palmeiras poderiam voltar de onde jamais deveriam ter saído. Portanto, o espaço de hoje é para rogar ao nosso Eduardo Paes, um novo Edson Passos, que faça mais um mimo à cidade, ou seja, replante palmeiras-imperiais às margens do Mangue.
Desse modo, a bacanal simbólica (através da qual o Rio se renova com audácia), ficará ainda mais sólida, amável e feérica.