O Rio de Janeiro – cidade que sempre forneceu o melhor da MPB a partir de seus gêneros musicais de excelência como o choro e o samba – abre-se nesta temporada teatral em dupla homenagem.
Quase que ao mesmo tempo estrearam duas peças saudando três mitos de nossa música popular : Tim Maia de um lado, no Teatro Carlos Gomes, e as cantoras Marlene e Emilinha de outro, no Teatro da Maison de France.
Pouco? Certamente que não, até porque os três representam vertentes estéticas que se sequenciam no tempo. Num tempo histórico do disco, da comunicação, de duas gerações.
Tim Maia vive em texto brilhante de Nelson Motta, autor de alentada biografia do astro pop. O espetáculo – dirigido por João Fonseca ( que merece afagos na revista Carioquice deste trimestre) sustenta-se nas canções irradiadoras do pós-Jovem Guarda dos anos 60 – 70 e exibe um robusto ( em todos os sentidos) Tim, surpreendentemente personificado por Tiago Abravanel. Tim é o começo da Era da Televisão.
Já “Emilinha e Marlene” resgata um passado mais remoto, a Era do Rádio. E, é claro, não menos sedutor para quem vivenciou os anos 40, 50 e até início dos 60. Ou seja, a disputa entre as duas maiores estrelas do rádio, sedimentada por torcidas barulhentas, quase radicais, a partir dos celebérrimos programas de auditório da Nacional, a PRE 8, liderados por Cezar de Alencar ( Emilinha ) e Manoel Barcellos (Marlene). O espetáculo de Teresa Falcão, dirigido pela competência habitual de De Bonis, seduz e emociona, trazendo de volta toda uma possibilidade de resgate de memórias de uma era. Uma Era de Ouro mergulhada em brumas espessas de um passado que fica cada vez mais remoto. Sobretudo agora na Era da Internet, e de suas maquinetas semi-diabólicas como IPAD e os TABLETS.
Ricardo Cravo Albin