Testemunho Pessoal de Ricardo Cravo Albin
Há muito tempo – quinze (15) anos para ser exato – fundei o Instituto Cultural Cravo Albin, para o qual doei todos meus bens em 2001.
Agora, nesta crise que abate o país, a cultura fica sempre no último lugar. E o Instituto que só se mantém pelo frito do seu trabalho, não tem recebido pedidos para feitar produtos culturais; nem livros, nem saraus, nem homenagens aos grandes vultos da MPB, nem discos. Só recebe solidariedades e acervos do distinto público.
Este espetáculo, em memória da minha queridíssima amiga Dalva de Oliveira, vai beneficiar o Instituto para que possa quitar algumas de suas múltiplas dívidas.
Mas cabe-me declarar, ao dar meu coração para os artistas que se solidarizaram com Dalva e com o ICCA (Instituto Cultural Cravo Albin), que foi este o primeiro gesto de solidariedade quês nós recebemos.
Portanto, graças a vocês e autor da idéia Thiago Marques, enfatizo uma verdade que até me constrange: a cidade de São Paulo e seus artistas são, a partir de agora, os benfeitores de uma organização heróica como a nossa. Uma instituição carioca socorrida pela paulicéia.
Meus Deus! Se o Instituto estivesse em São Paulo, florearia viçoso não pedinte, honrando a memória dos grandes artistas do Brasil com muito mais ênfase, e não tendo que se omitir ante a grandeza urgente de nossa MPB. Viva São Paulo. E vivam seus artistas e seu povo. Generosos e gloriosos como o Rio deveria ser.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin