Os prêmios literários reluzem neste país. Os da ABL, nem se fala. Já são estrelas a partir da consolidação cultural da Academia. Outros há, como o Juca Pato, que escolhe “o intelectual do ano”, um afago ao conjunto de obras. Dado desde 1962, pela UBE (União Brasileira de Escritores), com apoio da Folha de São Paulo, este ano o premiado foi o Embaixador Samuel Pinheiro Guimarães, um intelectual raro porque ousa pensar e – o mais importante – ousa dizer.
Semana passada, compareci a uma celebração em seu louvor, promovida pela IUPERJ, tendo à frente Luiz Alfredo Salomão e como convidado de honra o Professor Cândido Mendes. Ali, reuniu-se a fina flor da “inteligentzia” e da academia do Rio. Apenas para louvar e acolher a obra de Samuel, cuja essência é a de pugnar por um Brasil livre das amarras de hegemonias.
Samuel, aliás, participou com Celso Amorim da administração da Embrafilme (velha conhecida minha, que também a presidi) há quase 30 anos. Ambos foram nomeados por outro pensador de excelência, o então Ministro Eduardo Portella. Talvez por isso os dois diplomatas reflitam o Brasil em cenários sempre audazes e libertários.
Samuel escreveu livros fundamentais para o entendimento de uma diplomacia despida de subserviência a interesses externos.
Seu último livro, atrevidamente intitulado “Desafio brasileiro na era dos gigantes”, com belo prefácio de Hélio Jaguaribe, é uma súmula de provocações intelectuais, um receituário de como transformar este país a partir de necessárias mudanças internas. Samuel prega o fim das desigualdades sociais para liberar o país. Liberá-lo no sentido de que, sendo mais justo, será sempre mais forte. Ou seja: Samuel escreve sobre nossos melhores sonhos.
Ricardo Cravo Albin
Jornalista e escritor