Há velhos ditados – sempre nutridos pela sabedoria popular – que asseveram verdades como, por exemplo, “dois bicudos não se beijam”. Para mim, o oposto desse provérbio é produzido por uma frase de Vinícius de Moraes para o Samba da Benção: “a vida é a arte do encontro…”.
Essas observações vêm a propósito do encontro entre dois cariocas de quatro costados, amigos meus, e que selaram pacto de fruição intelectual mútua. A partir não do Rio, mas da densidade pétrea e colonial da cidade mineira de Tiradentes.
Bem, Sérgio Paulo Rouanet dispensa referências, pensador de excelência e integrante da Academia Brasileira de Letras.
Já Araripe – o pintor e jornalista Oscar Araripe – careceria, nesses tempos apressados em que a memória do país se escoa frugalmente, de um adjutório biográfico.
Araripe foi colunista deste jornal por algum tempo (há poucas décadas) e, retirando-se em busca do silêncio e do vigor montanheses, fez-se um grande pintor em Tiradentes.
Agora mesmo, graças à socióloga Bárbara Freitag, soube da ligação intelectual entre Rouanet e Araripe. O primeiro apresentando – em texto denso e definitivo – o novo conglomerado cultural do segundo, a Fundação e Galeria de Arte Oscar Araripe, situadas no lugar mais visível da cidade.
A exposição, que abriu neste fim de semana o novo museu tiradentino, não é uma mostra qualquer. Trata-se de uma preciosa seleção de pinturas modernas dos anos 40/50 pertencente ao Museu de Belas Artes de Cataguazes. Segundo Rouanet, é coleção tão qualificada que mereceria até um olhar internacional. Viva Tiradentes!
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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