Ao fim de ano nada mais tradicional, além das intermináveis reuniões de jantares e almoços de empresas ou de grupos
de amigos, que as premiações de todas as variedades, ordens e gostos.
Ao começo, quando ainda nos primeiros dias de novembro, elas são revestidas de certo hálito de originalidade. Quando adentra dezembro, a proliferação de prêmios começa a ficar um tanto monótona, quase uma repetição de solenidades, de discursos, de emoções.
São dezenas os convites e chamamentos, quase todos grifados com um post-scrip intimidador: “Não falte.”
Eu, por exemplo, recebo dezenas dessas (sem dúvidas), gentis solicitações. Mesmo não podendo ir à todas, seleciono com cuidados especiais aquelas que mais me tocam a sensibilidade. É o caso das premiações literárias. Destaco aqui duas delas que me causaram especial prazer. E que felizmente foram feitas em novembro. A primeira foi a da União Brasileira dos Escritores, a UBE de tantas lutas em defesa dos escritores. Presidida por uma adorável figura, a poeta Lucia Regina de Lucena, alias, uma declamadora de mão-cheia, a premiação se deu no auditório do Teatro Raimundo Magalhães Junior da Academia Brasileira de Letras. Dezenas de prêmios foram generosamente distribuídos, contemplando uma variedade de escritores e poetas.
A outra premiação que me sensibilizou foi a da Academia Carioca de Letras, destacando apenas três vertentes da arte de escrever: a crônica, a poesia e o conto. Curioso é que a entrega de prêmios foi antecedida por uma conferência do Presidente da Academia, o escritor Nelson Mello e Souza, que esgrimiu palavras e idéias sobre a identidade nacional a partir da literatura de Graça Aranha. Preciso e brilhante, o sociólogo abriu as premiações não com um aperitivo circunstancial, mas com uma ceia literária.
Em resumo, e se me permitem, ouso dizer que o enxame de prêmios de fim de ano se torna prazeroso quando veicula literatura, poesia e beleza.
Total: 1966
Ricardo Cravo Albin Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin