Os prêmios de fim de ano qualificam muito mais que uma tradução de festejos, de reconhecimento, de confraternização. Eles, na verdade, significam mais que uma simples celebração, embora a data, o Natal, o Reveillón, queiram dizer exatamente isso. A meu ver, e desde que me entendo por gente, as premiações aos que mais se destacam nas áreas as mais diversificadas são tradicionais, sim. São lembranças de pessoas relevantes que mais cumpriram com louvor todo um ano de labores, fazeres e haveres.
É claro que a cada temporada – e de acordo com mais ou menos
conveniências, mais ou menos criatividade – as configurações dos melhores do ano vão mudando e se renovam, recriam-se e se podem voltar para atividades até insuspeitas e raramente contempladas. É o caso do Prêmio São Sebastião conferido pelo Conselho Cultural da Arquidiocese do Rio de Janeiro.
Mas então, poderão arguir alguns desprevenidos, premiam-se agora padres ou aqueles que estão em exercício se seus deveres habituais? Nada disso, porque o Prêmio São Sebastião é muito mais amplo que um simples olhar católico de ofício. Ele transcende, com muita criatividade, até coragem, e proclama os mais diversos setores da atualidade artística, desde que voltados para a solidariedade, a contribuição para um país e uma cidade melhores, ou seja, o verdadeiro espírito cristão de comiseração pelo próximo e de fé no ser humano como instrumento de Deus. São premiados inúmeros setores, que vão do teatro, da música, da comunicação até à obras ou pessoas à testa de organizações que possam beneficiar o próximo em termos pontuais.
O Prêmio São Sebastião, portanto, não deixa de ser – ao fim do ano, nessa época de intensos festejos em que tantas premiações são contempladas – uma singela e pura essência do verdadeiro espírito natalino, porque consagra aquelas pessoas que prestam serviços, sim, mas com um referencial claro e luminoso como um farol: a solidariedade, o espírito de congraçamento, a verdade que se extrai do primeiríssimo e prioritário ensinamento do Cristo, que é desejar ao próximo o que deseja a si mesmo.
Ricardo Cravo Albin Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin