O Brasil conta nos dedos os homens que fizeram a essência de seu desenvolvimento econômico, de seu empreendedorismo, de seus avanços tecnológicos. A par disso, há de se registrar aqui – o que faço com persistência – a falta de memória coletiva que não só esquece, como joga debaixo do tapete, fazeres e haveres que nos seriam indispensáveis levantar e louvar.
Um desses vultos mais notáveis foi Irineu Evangelista de Sousa, O Mauá, que, mimoseado por Dom Pedro II com o título de Barão, depois Visconde, terá sido daqueles que anteviram e depois propulsionaram o progresso e o refletir sobre o crescimento do Brasil.
Pois bem, Mauá, patrono da vetusta Associação Comercial do Rio de Janeiro, nasceu há exatos duzentos anos. Não à toa, a ACRJ, também conhecida como a Casa de Mauá, está celebrando a data com atenções e eventos que ele está a merecer.
Fato curiosíssimo é que, chamado por décadas a fio de Barão de Mauá, a Associação acaba de descobrir que o título de Visconde antecedeu, em importância pontual, o de Barão. Desse modo, para bem marcar a data, no sentido de justiçar-se ainda mais o Barão, passa ele a ser chamado agora de Visconde.
Embora aparentemente irrelevante, a mudança de titulagem marca e acentua uma vasta programação que resgata a memória, os feitos e a importância histórica do nosso Irineu Evangelista. Nem vou aqui detalhar a obra de Mauá, bastando dizer que ele, entre muitas outras coisas, foi quem introduziu no Brasil ainda semi-colonial da segunda metade do governo de Pedro II o trem e as estradas de ferro. Isso num tempo em que o país só andava no lombo de burros e cavalos.
Em resumo: o vasto menu de acontecimentos que está sendo executado pela Associação Comercial do Rio sinaliza para ciclos de conferências e mesas redondas que perfilarão todo este ano de 2013, além de exposição, selos e medalhas comemorativos.
A esse esforço, proponho que órgãos oficiais, além de escolas e universidades, adiram e se somem às homenagens ao Visconde. Para realçar e fazer-se conhecer como um espírito individual pode mudar o país para melhor.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin