Insisto deste canto de página sobre a opulência e originalidade dos desfiles das Escolas de Samba. E por quê? Porque talvez ainda não nos demos conta da exata importância de sua organização, que é milagrosa como fenômeno. Um termômetro que pode e deve medir a potencialidade do povo brasileiro para fazer, construir, organizar.
Recordo aqui que acompanhei ao desfile – a pedido de meu amigo Darcy Ribeiro – dois sociólogos da Sorbonne. Ao final, eles me testemunharam, entre surpresos e maravilhados: “Um povo que pode se organizar dessa maneira só pode mesmo construir um grande e originalíssimo país”.
Por isso tudo, o Rio se orgulha de produzir para o mundo o maior conglomerado de convergência de artes em termo de um único espetáculo. Que é monumental. E não sem razão, considerado o maior evento do Brasil.
Agora, uma palavrinha – que ardo em expectativas sobre o resultado – em relação às Escolas. Porque em 2010 a voz geral é de que as previsões estão dificílimas. Claro que não seria eu leviano em comentar, senão em tese, sobre as favoritas. Não escondo, contudo, meu encantamento pela homenagem da Vila Isabel a Noel Rosa. Que ainda por cima assinala a volta de Martinho como titular do samba enredo. Ao que se diz, a Vila, que deveria estar ano passado entre as três campeãs, desfila hoje para disputar o Título. Como também a Beija-Flor, o Salgueiro, a Mangueira e a Imperatriz. Isso sem esquecer de duas originalidades: a Viradouro, que apresenta uma rara homenagem ao México e a Tijuca, cujo carnaval é construído pelo mais original dos carnavalescos, Paulo Barros, uma estrela que sobe.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Conselho de Empresarial de Cultura da ACRJ
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