Os dois vértices do carnaval carioca que se inicia ao fim desta semana estão centrados no baile de gala do Copacabana Palace e no novo sambódromo. Porque são dois polos de celebrações em que o sentimento de festa e glamour estão opulentamente presentes. Para não falar – mas isso já outro departamento – na radiosa volta do carnaval de rua, com as bandas e os blocos irrompendo em todos os bairros da cidade com força nunca vista. Esse, aliás, é fenômeno (gratíssimo, por sinal) muito recente.
Quanto ao baile do Copa, acredito que seja o mais suntuoso baile de carnaval do mundo, cuja beleza nenhuma festa de Veneza antiga poderia ousar superar. A decoração, a comida, as fantasias de luxo, os convidados a rigor , tudo convida a um evento inesquecível, como de fato vem sendo por décadas a fio. Lembro-me de que certa vez topei lá com Mario Vargas Llosa, com quem conversei horas a fio e a quem ciceroniei por todos os salões. Comentário final do escritor: “Festa assim nunca imaginei nem nas mil e uma noites árabes”.
Quanto ao novo sambódromo Darcy Ribeiro, este será a grande novidade de 2012. Porque, finalmente, completa o projeto do nosso Oscar Niemayer, resgatando de uma vez por todas o sonho de Darcy. Aliás, esse assunto sempre me desperta emoção, porque fui em 1984 assessor de ambos (ao lado de Leonel Kaz) durante toda a construção da Passarela do Samba, obra única em beleza e arrebatamento. Acode-me, aqui e agora, toda a contrariedade dos dois idealizadores da obra quando a cervejaria que ocupava parte da passarela não pode ser removida. Agora, sim, finalmente o nosso Arquiteto Maior – ele que aos 104 acaba de visitar a finalização da obra – pode descançar, sem a contrariedade que lhe fora forçosamente provocada no passado.
Nem tenho dúvidas de que o novo sambódromo Darcy Ribeiro – você sabia que este é o seu nome, em homenagem óbvia ao vulcânico gênio que o idealizou? – será a grande sensação deste carnaval. Aliás complementada pelo também novo Terreirão do Samba, que o Prefeito Eduardo Paes ( muito atento)teve o bom gosto de inaugurar há dias, revitalizando o palco João da Bahiana. É o espaço democrático para quem não tem ingresso para o desfile da Passarela.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cravo Albin