Muito se reflete – hoje cada vez mais – sobre mandos e desmandos no nosso Rio de Janeiro. Há dias foi tombado pela Câmara dos Vereadores um ícone carioca, o Cassino da Urca. É bom? Certamente que sim, numa cidade que já derrubou muito mais do que preservou. O velho prédio frente para a baía e erigido dentro das areias da Prainha da Urca foi um símbolo de afeto visual desde os anos 20, quando era um balneário.
Hoje virou polêmica, porque entregue ao Instituto Europeu de Design por 50 anos. O bairro, liderado pela eficaz e operosa Sociedade de Amigos e Moradores (AMOUR, uma sigla deliciosa), dividiu-se em relação à construção de uma Escola de Moda, para cerca de 400 alunos. Mas – e aí o foco da inquietação – sem qualquer provimento do impacto viário para possíveis 300 ou 400 automóveis dos usuários.
Caso o Prefeito Eduardo Paes – cheio de gás e de confiança dos munícipes – desloque o IED para os amplos galpões do Porto revitalizado, o Cassino deveria, necessariamente, abrigar uma sóbria e austera instituição de pesquisa. De preferência para as artes, desde a música popular até a erudita, passando pelo teatro e pelo cinema.
O Secretário Alexandre Cardoso, de Ciência e Tecnologia, está atento a essa possível luz de originalidade incidindo sobre a pesquisa nas artes cariocas. Tanto que será recebido em poucos dias pela AMOUR. E aí poderá selar, juntamente com Eduardo Paes, um destino final para o velho prédio, agora inapelavelmente tombado.
Ricardo Cravo Albin
Pres. do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ
www.dicionariompb.com.br