Não há como qualquer pessoa que ame o Rio deixar de se enternecer com a celebração dos seus poetas populares. Populares? E por que a necessidade de adjetivos, quando a robustez poética é qualificada e aceita na intimidade dos corações de todos nós? Pois é isso – não adjetivos – o que proponho para o Poeta da Vila, Noel Rosa, cujo centenário de nascimento (2010) começa a irromper nas veredas do Rio. A Unidos da Vila Isabel já está selecionando os muitos sambas que concorrerão com o de Martinho da Vila para narrar o enredo dedicado ao Poeta. Aliás, o desenvolvimento já adentra em pesquisas e criatividade, capazes de conquistar o público no desfile.
E agora, inda agorinha, um dos mais sólidos grupos empresariais do país (a MPE), sediado nas imediações do lugar onde Noel nasceu e morreu (tão prematuramente, sem fazer 27 anos), acaba de anunciar que se antecipará a todas as homenagens com grande jantar celebrativo e discos históricos perfilados em coleção.
O anúncio, feito pelo empresário Renato Abreu, dá sequência a uma série empreendimentos meritórios realizados em favor da dignidade, resgate e recuperação da música popular brasileira. Até porque o criativo mote “MPB pela MPE”, que antecipa a edição desses mimos ao nosso cancioneiro, já diz tudo. Para que se tenha uma idéia, a obra de Noel Rosa será revisitada por temas. O Noel do Carnaval, o Noel da Vila, o Noel das Namoradas. E até um surpreendente Noel Satírico, esboço de um retrato poético que pouca gente poderia supor.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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