Eu costumo repetir uma cantilena, monocórdia e até irritante: um país que dá às costas à ciência e à tecnologia nunca será uma grande nação. Será, ao contrário, um esboço de caricatura beletrista, inculta e atrasada.
Isso vem a propósito do Brasil que – por décadas a fio – aplicou mal e desatentamente em sua própria estrutura de inovação e/ou indagação científica.
Aliás, o constrangimento de nunca termos ganho sequer um Prêmio Nobel está, por certo, atrelado a essa triste comprovação. Mas, é forçoso reconhecer que agora nos últimos anos, essa vergonha nacional começa a se esmaecer. E os governos começaram a investir mais e melhor em equipamentos públicos que aplicam recursos vultosos no estímulo à pesquisa. Pesquisa latu sensu, por certo, e que vai de células-tronco ao HIV ou ao combate eficaz à dengue. Que vai da preservação e pesquisa da MPB ou do folclore até aos mistérios da astrofísica ou do fundo do mar.
Pois bem, é precisamente nesse amplo leque – sem preceitos no entendimento do que deve ser a pesquisa – que a Fundação Carlos Chagas, a FAPERJ, acaba de fazer 30 anos. E o fez celebrando com uma memorável Feira de Ciência no MAM – Rio, há dias.
Hoje, a FAPERJ – seguindo bem o exemplo da FINEP, que investe milhões – vem cumprindo uma audaciosa ação para e pela pesquisa.
Essa Feira surpreendeu milhares de visitantes que lá estiveram. Porque – num resumo – o estigma de país do atraso parece mesmo que acabou. A julgar-se pelo entusiasmo das novas idéias. E pela paixão das variadas formas de pesquisa lá exibidas pela FAPERJ.
Ricardo Cravo Albin
Jornalista e escritor
www.institutocravoalbin.com.br