Já vão longe a quarta-feira de cinzas, as discussões sobre as escolas de samba, seu resultado, e a euforia do esquentamento do carnaval de rua no Rio.
Quanto às escolas, acho que já se falou tudo, mas quero fazer breve reflexão sobre um assunto ao qual me refiro há algum tempo. Eu, que fidelissimamente não perco um desfile ao longo de quarenta anos e que colaborei na construção do sambódromo ao lado de Darcy Ribeiro (há exatas trinta décadas), sempre me bati pela melhor iluminação da pista do desfile. Considero-a, ainda hoje, insuficiente para realçar toda a opulência de beleza que passa aos olhos dos espectadores, sobretudo as alas e os destaques no chão. Certamente que nem me aventuro a apontar qualquer solução; ousaria, no entanto, sugerir estudos, que talvez possam ser vários spots de luzes, a partir das laterais inferiores da pista. Quem sabe seriam viáveis?
Outro assunto que não se pode deixar de refletir é o gigantismo quase assustador dos blocos. Claro que eles revitalizaram aquilo que deveria florescer nas ruas. Ou seja, bloco é e sempre foi a anatomia da história do carnaval.
O que se viu este ano foi o crescimento desordenado de alguns deles, que se resumem exatamente em um dos mais queridos, o Simpatia é quase amor. Ele saiu em Ipanema com cerca de 150 mil pessoas, muito mais que a população do bairro. Ora, não há como isso – com tal multidão que se esgueira entre ruas e avenidas não apropriadas para abrigá-la – deixar de causar desconforto aos moradores de todo bairro, com extensão natural no trânsito de toda Zona Sul.
Fazem muito bem a Prefeitura e a Sebastiana em organizar os blocos. Razão porque as aglomerações carnavalescas com milhares de foliões já foram acertadamente canalizadas tanto para o Aterro quanto para a Avenida Rio Branco. Esses, sim, espaços ideais.
Sugestão final: o Simpatia, para ser ainda mais simpático, deve ser deslocado para o Centro do Rio.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin