Sou de um tempo em que os conselhos de cultura – estadual e federal – funcionavam a todo vapor. O Conselho Federal então, meu Deus!, era sempre aureolado por personalidades míticas. As titulares mais reconhecidas do fazimento cultural do país. Lembro-me de – nos corredores do prédio clássico da Cultura no centro carioca – ter-me encontrado dezenas de vezes com Gilberto Freyre, Jorge Amado, Câmara Cascudo ou Eduardo Portella. E isso só para citar luminares que trespassam o novelo da temporalidade. Bem, quanto ao Conselho Federal de Cultura, ninguém sabe exatamente porque, finou-se por motivos banais: a conjugação da burocracia mal explicada e o despreparo de governos incompetentes.
Todas essas memórias – quase sempre acabrunhantes – para agora lhes dizer que há poucos dias o Instituto Cravo Albin recebeu na Urca o Conselho Estadual de Cultura. Raríssima ocasião que o colegiado reuniu-se fora de sua sede. O jovem presidente do Conselho é o conhecido – e muito querido – empresário, também ator e cantor, Nilson Raman, que cuida do interesse de algumas das maiores estrelas do país, como Bibi Ferreira, Ana Botafogo ou Zezé Motta.
Raman – que substituiu a escritora Ana Callado, estimadíssima figura da cultura – anunciou na Urca uma novidade estimulante: o Conselho irá reunir-se periodicamente em cidades diferentes do Estado do Rio. E isso para atingir objetivos concretos: criar Conselhos Municipais de Cultura, tomar o pulso das carências de cada região, auscultar reivindicações. E, sobretudo defender o patrimônio público local. Nada mal para melhorar-se o processo cultural e se integrarem todos os municípios de um estado rico em folclore e criatividade como o nosso ainda sofrido estado fluminense.
Ricardo Cravo Albin
Jornalista e escritor
www.institutocravoalbin.com.br