Nesta segunda-feira, o escritor, cronista e jornalista Carlos Heitor Cony recebe o originalíssimo Prêmio Cidade do Rio de Janeiro-2014. Este prêmio, privativo de escritores que sejam cariocas ou que aqui morem, começa a celebrar os 450 anos do Rio, aliás, já às portas, estimulado pelo Comitê Rio-450 anos (criado pelo prefeito Eduardo Paes e agilizado pelo diplomata Marcelo Calero). O carioca da gema Cony será, desde agora, um dos primeiros a abraçar, simbólica mas publicamente, os festejos que culminarão no dia 1º de março, aniversário dos quatro séculos e meio da aventura de Estácio de Sá em 1565. Uma aventura que forjou o aparecimento de uma urbe sem paralelos no mundo, pela concentração das belezas provocadas por seu perfil, grávido de águas e espremido entre morros, praias e reentrâncias. Isso sem falar de sua gente e de suas mulheres, tentações e orgulhos saudados pelo estrangeiro como culminância de dádivas. De dengues e de cordialidade pouco habituais em outros povos.
Cony, o laureado de logo mais, é bem o exemplo do carioca. Um carioca que se exibe com opulência dentro de seus livros. A obra do escritor é vária, fecunda e alentada. Nem vou perder-me aqui na análise da monumentalidade de Cony como autor, até por que não cabe neste espaço exíguo, e também por que nada tenho de crítico literário, ousadia a que jamais me aventurei. Resta-me testemunhar como leitor, regalado sempre por seu estilo direto, por sua sabedoria do ato de viver, pela densidade de suas verdades.
Carlos Heitor Cony foi eleito por Colégio Eleitoral de 45 intelectuais, que o escolheram dentre outros escritores de excelência. Portanto, e para tentar resumir, o Prêmio (em dinheiro) será entregue acolitado por preciosa escultura, feita sob encomenda pela artista Dirce de Assis Cavalcanti. E encerra o ano da Academia Carioca de Letras, não por acaso titular do cobiçado adjetivo Carioca.
Rio, 28 de novembro de 2014
Ricardo Cravo Albin
Presidente do
Instituto Cravo Albin