Uma das criações setoriais mais vigorosas desses últimos tempos vem sendo a proliferação de conselhos de cultura.
Baseados no pai de todos, o desaparecido (de saudosa memória) Conselho Federal de Cultura, do ainda MEC dos anos 60-70, esses organismos cobrem, de fato, amplas possibilidades de estímulos à cultura, lato sensu. Eu mesmo participei do absurdamente hoje extinto Conselho Estadual de Cultural, que presidi por muitos anos. E compartilho ainda hoje de outros não menos importantes e atuantes como o da Associação Comercial e o da Arquidiocese do Rio, isso para citar apenas duas das chamadas “câmaras setoriais de cultura”, que se espalham pelas cidades mais importantes do país. Aliás, cada município do Brasil deve, ou deveria, necessariamente abrigar o seu Conselho Municipal de Cultura, que respalda não apenas a proteção de bens culturais materiais, os urbanísticos, sobretudo. Mas também os imateriais, hoje uma necessidade aguda para que se mantenham as tradições e não se percam os fazeres e haveres das comunidades. O Ministério da Cultura agora está muito atento a essa necessidade, só liberando as verbas mais folgadas (e convenientes) para as prefeituras que já tenham instalado o seu equipamento cultural (quero dizer, o Conselho de Cultura).
Agora mesmo acabo de saber que a CESGRANRIO, uma das mais prestigiadas instituições educacionais do país, está prestes a inaugurar, nesta semana, o seu Conselho de Cultura. O que isso significa? Fiquem certos que o significado simbólico da ação empreendedora de seu criador, o educador Carlos Alberto Serpa, vai muito além das fronteiras do cultural, passando pelo fato de essência que, todos nós que pensamos o binômio cultura + educação, sempre almejamos. Ou seja, o amálgama desejável que liga a educação a seu corolário natural que é a cultura.
Serpa, mais uma vez, acerta ao convocar grandes nomes do saber carioca para, juntos, se constituírem num colegiado. Que pode contribuir com o processo educacional a partir de seu lado mais desafiador. Que é precisamente o suporte que melhor abrange todos os fenômenos humanos e que é, sem sombra de dúvida, aquilo a que chamamos de “patamar cultural”.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin