Diz-se que o Brasil é o país do carnaval e do futebol. Verdade? Mentira? Bem, com certeza, mentira não é. E, de mais a mais, não acho que seja nada aviltante que um país miscigênico, um país que celebra, e por que não?, a arte e a alegria, possa assim ser definido. É claro que o Brasil não é só isso. Mas que esses dois itens são fundamentais, isso lá são.
Inicialmente, há que se refletir sobre o fenômeno que é o Carnaval do Brasil, através de uma única pergunta: em que outro lugar do mundo um contingente de mais de 100 milhões de pessoas para durante quase uma semana para celebrar o Carnaval? Se a resposta não fosse suficiente, eu arriscaria outra perguntinha: e em que país do planeta cerca de 60 mil pessoas, ricamente fantasiadas por conta própria, desfilam de graça para fazer o maior e o mais belo espetáculo-arte do mundo, as escolas de samba do Grupo Especial do Rio?
Uma querida amiga, a cronista Eneida (de Moraes) chegou a dizer com bom humor que “o problema social do Brasil e suas tremendas injustiças estariam sanados para sempre se o carnaval durasse o ano inteiro”. Na Bahia, pelo menos, esse sonho de lazer não anda muito longe.
Quanto ao futebol, a segunda paixão nacional, bem que pode ser considerada a primeira. Mais que isso: pode ser qualificado como o fator mais essencial (eu diria até mais estratégico) de união nacional. Uma vez a cada quatro anos a Copa do Mundo retempera a unidade do país em torno da Seleção. De tal importância a Copa do Mundo, que acaba de ser mais popularizada uma outra Copa, a das mulheres. O que acho ótimo, desejando que a Copa Feminina nos conquiste a todos.
Que data nacional, que herói, que conjuntura neste país recebe as homenagens e as preocupações globais da população como uma Seleção para a Copa? Em que tempo todas as bandeiras e as cores nacionais enfeitam casas e ruas, jornais e tevês? Nem há como discutir a frase genial do meu querido Nélson Rodrigues: “A Seleção é a pátria de chuteiras”. Portanto, cada Copa vale mais que 10 dias da Pátria, 20 dias da Bandeira, 15 celebrações da Proclamação da República ou 5 datas do Descobrimento do Brasil.
Ricardo Cravo Albin