Certa vez, Noel Rosa enviou uma carta a seu médico, Edgar Graça Mello, comentando em versos a melhora no tratamento de uma tuberculose. Vamos conhecer essa carta:
“Belo Horizonte, 27 de janeiro de 1935
Meu dedicado médico e paciente amigo Edgar.
Um abraço.
Se tomo a liberdade de roubar mais uma vez seu precioso tempo, é porque tenho certeza de que você se interessa por mim muito mais do que eu mereço. Assim sendo, vou passar a resumir as notícias que se referem à marcha do meu tratamento. E, para amenizar as agruras que tal leitura oferece, resolvi fazer uso das quadras que se seguem: Já apresento melhoras: Pois levanto muito cedo E… deitar às nove horas Para mim, é um brinquedo! A injeção me tortura e muito medo me mete; Mas… minha temperatura não passa de trinta e sete!
Nessas balanças mineiras de variados estilos trepei de várias maneiras E… pesei cinqüenta quilos! Deu resultado comum O meu exame de urina. Meu sangue: – noventa e um por cento de hemoglobina. Creio que fiz muito mal em desprezar o cigarro: Pois não há material pra meu exame de escarro! Até agora, só isto. Para o bem dos meus pulmões, eu, nem brincando desisto de seguir as instruções. Que meu amigo Edgar Arranque deste papel o abraço que vai mandar o seu amigo Noel.
Muito tempo após a morte de Noel, João Nogueira musicou-a, incluindo-a em seu LP “Vida boêmia” (EMI-Odeon, 1978). Vamos ouvir: