A única revista que saúda exclusivamente as carioquices do Rio está circulando com seus seis mil destinatários exclusivos
exatamente hoje, o último dia do ano de 2012. Ou seja, a trimestral Carioquice, já agora no número 35, é, segundo o cartunista Jaguar, o exemplo de resistência cultural mais íntegro de nossa imprensa alternativa. Diz o nosso intimorato Jaguaribe – no alto de sua experiência jornalística – que todas as revistas de qualidade com tiragem reduzida e feitas heroicamente sem grandes “máquinas” por trás têm quase o destino das flores. Ou seja, quando chegam ao vigésimo número já é uma conquista a ser proclamada como bravata.
A nossa Carioquice, graças aos esforços da Insight e de seus editores, singra no seu ano IX pelos mares bravios da crise, mas sempre chega a um porto seguro, sem jamais baixar a guarda. Agora mesmo, neste número que sai quando o ano novo dá as caras, quem saúda os leitores com pandeiro na mão e cheio de ginga é nada mais, nada menos, que o Zé Carioca, o famoso personagem criado nos estúdios de Walt Disney nos anos 40 (plena era da política de Boa Vizinhança) e que virou história de quadrinhos no Brasil, refeito por cartunistas brasileiros, que a ele conferiram o molho, o charme, a ginga e até a manemolência do malandro carioca.
A Carioquice, não sem razão, é a única a chamar atenção para os 70 anos do velho papagaio de camisa listrada, de pandeiro e de chapeuzinho característico na cabeça.
Aliás, a sobriedade que caracteriza as capas da revista, sempre ostentando cariocas em fotos preto e branco em primeiro plano, é quebrada pela primeira vez pelo Zé Carioca à cores. Pela primeira vez, a bem da verdade, não, porque houve há muitos números atrás uma capa dedicada ao já louvado Jaguar, exibindo tão somente o Sig, o adorável rato-personagem do nosso cartunista.
Pois bem, a par de contar toda a história do Zé Carioca, desde seu começo com a presença de Walt Disney no Rio de Janeiro para checar as possibilidades da construção do seu personagem, a Carioquice destila gota a gota a evolução do nosso malandro carioca, perfilando todas as etapas de seu progresso brasileiro, de seus ilustradores e de seus pais (os cartunistas) que o adotaram no Brasil, como filho dileto.
Ricardo Cravo Albin Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin