O sortilégio maior provocado pela diversidade de nossa música popular está no impacto que uma canção pode desferir na alma da gente. Não eu não me refiro aqui ao que a maioria poderia pensar de um razoável conhecedor da MPB como este que vos escreve. Ou seja, as canções buriladas, bem acabadas, impecáveis na forma e no puro contexto musical. O que eu chamo de canções do coração são aquelas que compartilham de nossa vida por razões ligadas exatamente… ao coração. E não à razão. São aquelas que marcam a alma tal como um perfume, um amor, um suspiro de êxtase, que pode conduzir aos céus ou aos infernos.
Pois bem, esse tipo de música que pode marcar a ferro e fogo cada um de nós foi soprado em crônica memorável por Joaquim Ferreira dos Santos. Que, com a prudência dos santos, logo asseverava que não tinha – nem poderia ter – nada contra obras-primas consagradas pela crítica como Aquarela do Brasil, Último Desejo, Asa Branca ou O Mar. O cronista bramia pelas canções do dilaceramento, das dores, do rosto colado, dos êxtases.
Ora, movido por argumentos tão sedutores e originais, o Instituto Cultural Cravo Albin de imediato abraçou a idéia e bateu à porta do cronista. Para fazermos em dupla uma ampla consulta a um júri seleto de personalidades capazes de se estimular com as emoções provocadas pela MPB.
O amplo corpo de jurados – com quase 30 nomes de escol – está por concluir suas listas nesta semana. Aguardem. Porque virão por aí novidades e revelações. Um brotar de sentimentos díspares que vai dar o que falar.
E vai gerar, é claro, muito assovio e muita cantoria.
Ricardo Cravo Albin
Pres. do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ
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