Esse título aí de cima bem poderia ser um tratado geral sobre a diversidade do Brasil e suas injustiças crônicas. E é. Só que criada não por instituições de pesquisa aplicada. Essa série Brasil, brasis… foi criada pela Academia Brasileira de Letras, centenário cenáculo das letras. Belas letras, tão somente? Aí está o mais singular de tudo. A nossa ABL está cada vez mais plural na percepção do que representa a cultura como fenômeno constituidor do Brasil vário. Agora, a visão que o público e os intelectuais ostentam da Casa de Machado de Assis é a de um organismo pulsante e dinâmico. Vão-se longe os tempos em que a Academia se alimentava apenas do chá das quintas. De uns anos para cá, a velha instituição se moderniza a passos ágeis. Dela não se pode dizer que abra apenas suas portas para escritores e literatos. Desde a entrada de intelectuais, que, além do amor à pena, esgrimem seus talentos em campos do conhecimento humano outros como a medicina, Ivo Pitanguy lá está, ou como o cinema, Nelson Pereira dos Santos lá também está, que a ABL busca a proximidade do modelo da Academia Francesa. O que não confinou seus integrantes à exclusividade dos escritores profissionais.
A série Brasil, brasis…, que já foi dada ano passado, com o mais qualificado sucesso e que volta neste 2007, demonstra que o presidente Marco Venicios Vilaça (muito bem assessorado pelo Secretário Geral Cícero Sandroni) cumpre com rigor suas promessas e empunha as armas da paixão por suas idéias renovadoras. Não fosse pernambucano eivado de nobre cepa.
A ABL ajuda a pensar um novo Brasil com esses brasis. Com tudo isso, ela se moderniza, sim, mas sem perder a tradição. Até porque o bom convívio, o chá das cinco, os ritos e os rituais, além do amor aos livros jamais serão demais numa instituição que zela pela posteridade. E não pelo modismo passageiro.
Ricardo Cravo Albin
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