A volta do carnaval de rua no Rio é um fenômeno que se esboçou na década de 90. Ou melhor: sua primeira manifestação veio com a Banda de Ipanema, sob a batuta do bamba Albino Pinheiro. Mas o miolo do centro do Rio sempre foi o berço de origem do carnaval de rua desde o século dezenove.
São precisamente elas, as ruas, que voltaram a comandar a sedução sem paralelos da alma carioca. Tantos são os blocos que a municipalidade intervém para que a cidade não pare, para que o trânsito possa fluir, para que o cheiro de urina dos foliões não infecte a cidade.
Outro viés provocador da revitalização do carnaval carioca é a volta dos bailes carnavalescos, velha tradição dos primórdios do carnaval no século XIX. Eles se inauguraram em pleno reinado de Pedro II para a elite e a aristocracia se divertirem.
Esses bailes – que sempre foram uma tradição nos clubes e nos hotéis (até no Teatro Municipal do Rio) – têm hoje seu foco de esplendor no baile do Hotel Copacabana Palace.
Costumo dizer que – por todos os diferenciais – o Baile do Copa pode ser considerado o baile de carnaval mais sedutor, único e original do mundo. O que, acreditem, não é exagero. Tal como as escolas de samba são hoje o mais radioso espetáculo de arte popular e de espontaneidade que qualquer povo produz.
O Baile do Copa exibe a cada ano uma decoração variada que encanta e seduz suas centenas de frequentadores. Ele se dá o privilégio de não apenas servir as mais refinadas iguarias em seus bufês, mas também de contratar dezenas de figurantes – devidamente fantasiados – para sustentar a animação nos seus salões. Ou seja: luxo, beleza, qualidade e glamour. Em resumo, o carnaval do Rio, que começa esta semana, esbanja diversidade, e também possibilidades radiosas de que volte a alegria nestes tempos sombrios.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin