Há alguns mortos – agregados ao nosso afeto – que ao longo do tempo deixam mais saudades que outros. Vinícius de Moraes, por exemplo, é um desses que, trinta anos depois da morte, continua a me fazer muita falta. O poeta – celebrado hoje no Palácio do Itamaraty em Brasília – deixou, além da grande poesia e da bossa nova, um legado singular aos que o conheceram: a vontade sistemática de tê-lo por perto e a falta de uma presença luminosa, generosa, oportuna.
No finalzinho desta tarde de segunda-feira, o poeta resplandecerá mais uma vez. E agora, nós, seus amigos e devotos, nos sentiremos reparados da brutalidade do AI-5 de 1968, que destituiu o primeiro-secretário Marcus Vinícius da Cruz de Mello Moraes da carreira diplomática.
Lula assinará – depois de cerimônia onde certamente rolarão lágrimas de muitos de nós – a lei que o transformará em Embaixador do Brasil. Nada mais justo,legítimo e restabelecedor. Sim, até porque nosso poeta sempre foi Embaixador de fato. Aonde ele chegava, em qualquer cidade do mundo, era saudado como representante da cultura, da poesia, da literatura
e da música do Brasil. O projeto de lei hoje sancionado pelo Presidente Lula mereceu rápida tramitação no Congresso Nacional. Pressionado por abaixo-assinado de milhares de assinaturas promovido pelo Instituto Cravo Albin e amparado pela Fundação Alexandre de Gusmão do Itamaraty.
Agora Vinícius que já é rua em Ipanema – a mesma onde ele e Tom viram/cantaram a Garota de Ipanema – deverá receber mais um afago da cidade onde nasceu e morreu em estado de amor: a praça que faceia o velho palácio do Barão do Rio Branco deverá portar seu nome antecedido pelo justíssimo título: Embaixador.
Estamos desde já em campanha pública!
Ricardo Cravo Albin Jornalista e escritor www.institutocravoalbin.com.br