Pouca gente jovem sabe a que me refiro com essas duas maiúsculas aí acima. O LP foi o mais importante suporte do disco fonográfico, da magia de se ouvir música. Desenvolvido na década dos celebradissímos anos 50, durou até a chegada do CD (o compacto disco). Pois bem, na era do LP, que duraria mais que quarenta anos nos toca-discos do mundo, os costumes não ostentavam os exageros quase pornográficos de hoje. Há pouco o ECAD anunciou algumas das músicas mais tocadas no país. Eu resumiria esse rastrilho de mau-gosto (e obscenidade) em trecho de Amor de Chocolate, do hoje ídolo jovem Naldo: “Eu não tô de brincadeira/ Eu meto tudo, eu pego firme pra valer/ Chego cheio de maldade/ Eu quero ver você gemer”. Ora, convenhamos que esse tipo de contexto “erótico-explícito” em nada remete às peças de Chico Buarque ou Almir Blanc, mesmo às bregas de Reginaldo Rossi ou Nelson Ned, recém- falecidos. Para registrar um respiro de saudade e de reafirmação dos tempos de LP, celebra-se agora seu maior produtor
vivo, André Midani. O franco-brasileiro produziu e apostou para o disco em gente como Caetano, Gil, Bethania, Jorge Bem, para não citar rebeldes como Raul Seixas. Midani tem na ponta da língua uma resposta sábia para quem lhe pergunta o que deve ser a música eternizada em disco: “simplesmente a que lhe toca o coração e faz formigar os pés pelo ritmo”. André Midani representa todo um contexto dos produtores de excelência, como Aluísio de Oliveira, Milton Miranda ou do ainda em atividade José Milton. Midani está sendo celebrado com matéria de capa da revista Carioquice. Paralelamente à publicação, a Secretaria Municipal de Cultura fez realizar mostra sobre sua obra, exposição aberta na Urca com show de Roberto Menescal, Wanda Sá e Joel do Bandolim. Não a toa, hoje já se fala da volta do LP.