Celebrar nomes que valem a pena é levantar memória e fazer justiça. Depois de amanhã, por exemplo, a Unidos da Vila Isabel lança o seu enredo para 2010, “Noel Rosa, o Poeta da Vila”. E por quê? Porque o poeta revolucionário da MPB, que lhe trouxe a leveza da modernidade no versejar, fará cem anos. Nada mais oportuno. Até porque a Escola da Vila – cujo nome maior foi e será sempre Martinho da Vila – teria sido certamente a Escola de Noel, caso o poeta não tivesse morrido tão cedo, aos 27 anos.
Costumo sempre dizer que fazer justiça a quem merece nunca é demais. E vou mais longe: se a Mangueira de Cartola o tivesse homenageado em seu centenário ano passado – como seria quase obrigação – não estaria sofrendo os perrengues por que passou.
Especialmente agora, quando o IPHAN-RIO apronta a inscrição (tombamento) da forma das Escolas de Samba como bem imaterial do país.
Espera-se que o enredo da Vila seja um sucesso. E duvido que haja algum carioca que não torça por uma celebração como essa que a Escola começa a armar para Noel. Mas – e a Vila, tão bem conduzida por Wilson Moisés, sabe disso – não há como desvencilhar-se o preito a Noel do nosso Martinho, o ás maior da Vila e do samba carioca. Martinho personifica hoje o espírito de Noel, a reencarnação da simplicidade enternecedora do jovem poeta que, morto em 1937, não viveu para ver desabrochar seu discípulo, seu herdeiro, sua continuidade direta.
De Martinho para Noel, espera-se, ao menos, o samba-enredo.
Ricardo Cravo Albin
Pres. do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ
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