A possibilidade de recuperar a memória e a dignidade de brasileiros desterrados apenas por lutar por idéias/ideais é das mais nobres tarefas da redemocratização. O poeta Vinicius de Moraes, por exemplo, foi brutalmente apeado do seu posto de diplomata pelo AI-5, acusado de “poeta vagabundo e comunista”. De lá pra cá Vinicius, que já era grande, se tornou cada vez maior. Presente no coração dos brasileiros – qual um rubi faiscante engastado na memória do nosso afeto comum – por sua poesia universal, suas letras, suas músicas, sua presença quase onipresente na bossa nova, Vinicius está cada vez mais vivo. E mais lembrado, cantado, reverenciado.
Pois bem, há mais de um ano, diplomatas do porte de Jerônimo Moscardo e Samuel Pinheiro Guimarães, liderados por Celso Amorim, pediram a promoção póstuma do diplomata-poeta ao cargo de Embaixador da República. Todos nós, devotos de Vinicius e que dele somos cultores, esperávamos que o Presidente Lula assinasse o ato de imediato. E até hoje nada. Menos por culpa do Presidente, eu deduzo, do que pelos insondáveis meandros da burocracia.
Agora mesmo um grupo de notáveis, acionado pelo Instituto Cultural Cravo Albin, mobiliza-se num pedido a Lula para que dê um basta nesse passo de cágado em que a promoção se arrasta. Daqui desse cantinho, e também deste jornal, os signatários daquele abaixo-assinado e a consciência crítica dum país que se quer mais justo clamamos em conjunto num apelo ao Presidente da República: Vinicius de Moraes, Embaixador! Já e já!
Ricardo Cravo Albin
Pres. do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ
www.dicionariompb.com.br