Qualquer pessoa que cruzou alguma vez na vida com Alceu Amoroso Lima (1893-1983) terá se sensibilizado, de alguma forma, com a imponência de sua figura física ou com a sabedoria de seu pensamento. Aliás, mesmo numa conversa casual, qualquer interlocutor se rendia facilmente à clareza de suas frases e à generosidade de seus pensamentos.
Tudo isso vem a lume agora – e com força arrebatadora – na biografia de Cândido Mendes de Almeida sobre o Doutor Alceu.
Sinto-me quase que obrigado a testemunhar sobre o belo livro de Cândido não apenas porque se trata de um relato vazado em conveniência formal, mas também em tom de clara admiração pelo biografado, mestre e inspiração do autor.
Quero testemunhar que Doutor Alceu foi meu orientador, a partir do momento em que chegou ao Museu da Imagem e do Som para fazer seu depoimento para a posteridade em 1967.
Com seus olhos claros e voz pausada, ele me surpreendeu: “Meu jovem, você está começando aqui a universidade do futuro, o saber através da verdade dos testemunhos orais. Vou lhe ajudar a conectar-se com os brasileiros que valem a pena. Muitos deles não admitidos pelo estado militar. Mas não se preocupe, a verdade é o fundamental. E deverá ser sempre a nossa baliza, a sua fonte”.
Pelas mãos do Doutor Alceu, o Museu da Imagem e do Som pode se consolidar – até porque absorveu apenas os brasileiros “cujas vidas deveriam ser perlustradas”, na sua expressão. Saudades, saudades muitas do grande timoneiro da liberdade e da verdade.
Ricardo Cravo Albin
Pres. do Conselho Empresarial de Cultura da ACRJ
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