Ah! os desencontros do ensino no Brasil, da educação elementar e média para nossas crianças… Discutem-se rios de teses ao longo de décadas a fio. O ensino está melhor ou pior? Dificílima uma resposta exata. Há possibilidades mais recentes que são animadoras. E não me refiro nem à obviedade acachapante da abertura de mais escolas profissionais em regiões de população mais carente.
Porque meu assunto de agora é um quase milagre de diversidade, criatividade, originalidade. A música adentra, finalmente, as escolas. E por lei.
Todos nós sabemos da investida histórica de Villa Lobos por dentro do canto orfeônico juvenil em plena ditadura de Vargas. Todos nós, ainda nos anos 50 e 60, tínhamos (pelo menos no glorioso Colégio Pedro II) aulas amáveis de canto, ditado musical, etc.
Depois, a música silenciou nas escolas, ensurdecidas por certos pedagogos novidadeiros dessas últimas décadas.
Agora é lei: volta a música aos bancos escolares. No Rio, uma Secretária de Educação culta – e que vê longe – já se mobiliza para levar ao ensino médio estadual não apenas o aprendizado teórico da música. Teresa Porto segue os passos dos reclamos de Silvio Caldas, talvez o maior cantor do Brasil, e pretende conduzir os seus alunos a reconhecer e estudar a história da MPB. Dos seus pioneiros, dos gêneros exuberantes criados a partir do Rio como o choro, o samba e a bossa nova. Ou seja, os alunos passarão a saber relacionar as origens de ontem aos resultados da MPB de hoje. Ou seja, uma Tati Quebra-Barraco jamais existiria se não houvesse uma Chiquinha Gonzaga.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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