Há dias estive no histórico prédio do Ministério da Cultura para saudar a nova parceria entre a Petrobrás e o MINC. Ali, entre Eliane Costa e Wilson Santarosa, da Petrobrás Cultural, o Juca Ferreira, saudado pelo último como Ministro interino, informou ao Santarosa – e a todos – que ele seria mesmo o novo Ministro efetivo, no dia 22. Uma chuva de aplausos inundou o Salão Portinari.
Justas, a meu ver. Porque Juca Ferreira é um intelectual baiano de boa musculatura cultural. E ajudou muitíssimo o nosso Gilberto Gil nesses quase seis anos de governo Lula.
Quero desde logo observar que – amigo de Gil por décadas – sempre fui seu admirador, chegando até a dirigi-lo (a pedido de Darcy Ribeiro) em sua primeira apresentação no Municipal do Rio para receber o Troféu Golfinho de Ouro. Como Ministro da Cultura, Gil não carecia mesmo ministrar, dia e noite sentado a uma mesa burocrática, atolado em papéis inúteis, angustiado com o tempo escoando no ramerrão do dia-a-dia, entupido de compromissos por vezes supérfluos.
Não, Gilberto Gil – como o próprio Lula – representa culminâncias de essência: bandeiras, símbolos, no seu caso legítimos. Pois o fato de um representante da MPB estar como Ministro qualifica um país tão densamente musical. Afinal, a MPB é hoje o produto número um da nossa pauta de exportabilidade cultural.
Portanto, Juca Ferreira, que – em silêncio obsequioso e leal – ajudou Gilberto Gil a administrar tantas coisas inadministráveis não poderia mesmo deixar de ser o escolhido para – agora sim – ostentar de fato o cargo de Ministro da Cultura.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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