Há poucos dias foi lançado na Academia Brasileira de Letras o “Luzes da consagração – Arnaldo Niskier”. O autor? Outra personalidade poderosa das letras do Brasil, o jornalista e escritor José Louzeiro. Ou seja, o livro bota abaixo a verdade popular de que “dois bicudos não se beijam”. Na verdade, o beijo biográfico de Louzeiro em Niskier é maturado, cuidadoso e destila, em 334 páginas, a vida de um menino pobre de Pilares que se transformaria numa celebridade. O mais interessante é que Louzeiro perfila nas 50 páginas iniciais a história da família Niskier. Em lances de forte seqüência emotiva, eu diria até próxima da narrativa cinematográfica, o leitor se comove com a família judaica no interior da Polônia. Com os “pogrons” que se desenharam desde o começo de Hitler (anos 30). Com o sofrimento dos Niskier na Europa. E com as luzes da liberdade acenadas aos judeus pelo Brasil.
“Luzes da consagração” mergulha na construção do personagem. E eis que um jovem Arnaldo Niskier é posto de pé. Como jornalista, iniciado por Augusto Rodrigues. Como atleta, sempre apaixonado e fiel ao América. E, finalmente, como educador, especialidade que o levou a exercer por vezes inúmeras titularidades de secretarias de estado.
Enfim, as luzes da consagração postas em cima de Arnaldo Niskier por Louzeiro se acendem com vigor ainda mais intenso quando o autor realça as qualidades humanas do biografado. Em que virtudes como a firmeza, a decência, a fidelidade aos amigos e aos ideais se sobrepõem. Virtudes igualmente enfatizadas no belo prefácio de Murilo Mello Filho.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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