Há pessoas que gostam. Umas até asseveram que quanto mais feriado melhor.
Há, contudo, quem considere o excesso de feriados no Rio uma ação que antevê a visão distorcida da realidade brasileira. E por quê?
Impõe-se, na verdade, um estado de alerta geral contra esse descalabro, que é a institucionalização do não-trabalho. Ou seja, uma possível civilização da desordem, da indolência e do casuísmo.
Mas por que a insistência de certos legisladores e políticos em propor feriados? O país precisa adotar um comportamento mais severo no relacionamento com o trabalho. Agora, se o trabalho é mal remunerado – e o é em geral – isso nada deve ter a ver com o trabalhar menos. Até porque o axioma é de cruel fatalidade: quanto menos trabalho, mais pobreza, menos riqueza e menor salário.
Os feriados – quase sempre injustificáveis – são muitos e quase a serviço do sexo dos anjos.
Os feriados religiosos estão na tradição dos brasileiros. Mas com a frouxidão dos costumes, o sentido verdadeiro da religiosidade ficou restrito aos fiéis, e só a eles. Os católicos deveriam celebrar seus dias reverenciais no recolhimento. E nunca optar pelo feriado, pretexto eloqüente para a promíscua celebração secular-profana.
Quanto às chamadas datas nacionais e regionais, onde a tese da paralisação do trabalho – o caminho certo da miséria – também prolifera o exagero.
Pretextos para que a última moda da esperteza nacional seja cumprida: enforca-se o dia anterior ou o dia posterior quando um feriado cai ou na terça ou na quinta-feira.
Uma indecência que nenhum país do mundo se atreveu a admitir.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
www.dicionariompb.com.br