As velhas fazendas do Vale do Paraíba estiveram abandonadas a uma tristíssima sorte até às décadas finais do século XX. Sempre condenei esse estado de desprezo pelo patrimônio urbanístico como crime inafiançável, de pura cegueira, de falta de respeito, de insensibilidade constrangedora.
Uma luz de esperança ocorreu com a criação da Preservale, instituição civil (agregando os donos das principais fazendas) para resgatar do “bota-abaixo” criminoso os casarões do antigo Vale do Café. Especialmente centrados em municípios tradicionais como Vassouras e Valença.
Agora, um raio de ação salvador espraia-se animadamente para outra região riquíssima em imóveis históricos, a de Quissamã – Campos – São Fidélis, no norte do Estado.
Graças a um digno exemplo propulsionado pelo empresário Renato Abreu (do Grupo MPE), que transformou a Fazenda da Pedra (São Fidélis) em belo museu de ciclo da cana-de-açúcar, está sendo criada agora uma instituição paralela ao Preservale, o Instituto Sete Capitães. Aliás, Abreu – cujo sólido grupo empresarial celebra este mês vinte anos de crescimento – recebeu no fim de semana pequeno grupo de intelectuais em sua Fazenda da Pedra. E apresentou os planos que manterão os casarões do norte-nordeste fluminense em pé.
O Instituto Sete Capitães é uma homenagem aos sete capitães que atuaram em Campos no século XVII.
Portanto, quem duvidar que as velhas fazendas não mais tombarão ao chão, pode perder a aposta. Tudo indica que um novo ciclo, o de bem-querença ao patrimônio histórico, virá a salvá-los a partir do Instituto Sete Capitães.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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