Martinho da Vila pode ser considerado uma das mais luminosas referências daquilo que nós, cariocas, chamamos de ginga, de bossa, de carioquice. Mas ele não é só isso. Martinho é aureolado por uma outra nobre qualidade, rara hoje em dia, convenhamos: um ser humano fraterno, generoso, amigo e leal.
Pois todas essas qualidades foram devidamente celebradas no dia em que nós, seus amigos, lhe comemoramos os 70 anos.
Eu, pessoalmente, poderia até me declarar suspeito em referir-me a ele com tamanho calor. Afinal, somos compadres (batizei-lhe a filha Alegria, a caçula da prole fértil) e amigos por 40 anos.
A suspeição, é claro, se dissolveria pela unanimidade com que essas mesmas considerações aqui perfiladas são absorvidas por toda gente.
A festa dos 70 anos foi mimoseada pelas melhores figuras do Rio, que foram ao Instituto Cultural Cravo Albin. Embaixo das mangueiras centenárias da sede histórica do instituto na Urca, nosso Martinho da Vila pode reconfirmar – se ele ainda tivesse alguma dúvida – o quanto o povo da música, da literatura, do teatro lhe é devoto. Literatura? É isso mesmo, porque nosso irresistível sambista é também escritor publicado. E não de um livro só. Sua obra vai pra quase meia dúzia. Por essa razão, mimaram-lhe com as presenças escritores como Arnaldo Niskier, Ferreira Gullar, Sérgio Cabral e Augusto Boal.
Preciso dizer que a festa surpresa, que era apenas para seus 20 melhores amigos, acabou por dobrar de número? Nem carece, porque se todos os seus amigos fossem convidados pela organizadora da festa, Cléo Ferreira, o Maracanã seria pequeno.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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