Já vislumbrei o assunto que o amável leitor lerá abaixo.
Trata-se, como se pode inferir pelo título, de projeto criado pelo gênio do nosso arquiteto, a quem considero o maior brasileiro vivo.
Aliás, quando Oscar foi homenageado pela Academia Brasileira de Letras ao início do ano acadêmico de 2007, sentei-me ao lado de seu braço direito, o engenheiro Sussekind, com quem conversei longamente sobre a necessidade de se tirar do papel o projeto que a gloriosa Escola de Samba da Vila Isabel lhe encomendara fazia pouco tempo. O fato concreto é que a Vila de Martinho (que, de resto, fez o pedido a Oscar) e de Noel – celeiro de bambas e uma das fontes do samba carioca – ousara um atrevimento originalíssimo: solicitar ao grande artista universal uma luz, um foco, uma interferência de beleza para sua quadra. Como se sabe, as quadras das escolas são, na totalidade, de fealdade consumada, erigidas que são sem quaisquer cuidados estéticos de arquitetura.
A Vila Isabel esgrimiu a audácia em favor da beleza. E conseguiu do mestre, autor do sambódromo que inundou de arte o desfile carioca, o milagre de um projeto. Mais uma obra prima de Niemeyer.
O que resta fazer? Subtraí-lo da prancheta e erigi-lo de pronto.
O Instituto Cultural Cravo Albin – que tenho a honra de presidir – declara-se a partir de agora em campanha para jogar-se um rastro de luz e de beleza nas quadras das escolas de samba.
Que a cidade do Rio possa receber – e já – a quadra soprada pelo gênio. Até porque a Vila Isabel apresenta este ano o enredo “Trabalhadores do Brasil”, tema tão caro aos ideais socialistas de Oscar Niemeyer.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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