Saudar Oscar Niemeyer é um velho hábito que cumpro com prazer por décadas a fio. Agora, reverenciá-lo pelos cem anos não será apenas porque se trata do maior arquiteto do mundo. Não será tampouco porque ele é um carioca da gema. E muito menos porque ele chega ao centenário bem de saúde e de cabeça.
Saudar Oscar Niemeyer nesse 15 de dezembro que vem aí é voltar a acreditar em que há homens de bem neste país. Ou seja, a palavra de Oscar aos cem anos é prova de que há ainda figuras públicas no Brasil dignas de respeito e de admiração. Aos 100, como aos 30, 50, 60 e 90, Oscar não mudou uma linha sequer em seu pensamento político, em sua fé na beleza, em sua comiseração pelos desvalidos, em seu olímpico desprezo pelo dinheiro e seu apreço pulsante pelas idéias. Oscar é hoje a negação dos maus costumes que inundam a terra da ladroagem, da desfaçatez política, da traição aos ideais.
Como sei da paixão do nosso carioca universal pela cidade que lhe deu berço e pela cultura em seu geral, quero, ao saudá-lo comovido, cobrar a construção dos seus últimos dois projetos. Um remete à Escola de Samba da Vila Isabel, cujos croquis ele aprontou há um ano e é uma pura jóia para a cidade e para as escolas. O outro é o Museu do Carnaval e da MPB em Brasília, cujo anteprojeto tampouco se ouve mais falar.
Cabe, portanto, a gloriosa Vila Isabel fazer realizar a mais bela sede que qualquer quadra jamais teve. Aliás, como são feias as quadras das Escolas… Como cabe ao governador Arruda (do DF) começar mais um monumento arquitetônico em Brasília. O mundo agradecerá…
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista