Hoje, raros são os homens públicos que despertam entusiasmo ou até sedução.
Até porque, para melhor avaliá-los, é forçoso conhecê-los pessoalmente. E bem. Tal o nível de abastardamento ético-moral a que chegaram os homens que gravitam em torno do governo.
Ultimamente, venho observando com uma certa freqüência o Embaixador Jerônimo Moscardo. O que faço não de hoje. Ele foi Ministro da Cultura do Governo Itamar Franco e exerceu postos importantes nesses últimos oito anos, chefiando nossas embaixadas em Bucareste e Bruxelas. Em ambas as cidades, aliás, revolucionou a diplomacia, como é do seu feitio febril, trazendo à tona uma onda de paixão pelo Brasil como nunca se vira nessas duas difíceis capitais européias.
Agora, de volta, Jerônimo esgrime sua febre de fazimento para reativar um órgão até então quase lunar, a Fundação Alexandre de Gusmão.
Com sua cabeça de pensador – ele também é um realizador compulsivo – vem revolucionando o velho Palácio do Itamaraty, ali realizando uma série infindável de eventos. Que envolve conferências, cursos e encontros internacionais para repensar este país, um Brasil que tem o péssimo hábito de pouco refletir sobre si mesmo. Essa inquietação intelectual de Moscardo começou por tentar resgatar dentro do Itamaraty a luz de Vinicius de Moraes, agora já Embaixador.
Este mês, por exemplo, compareci a inúmeras conferências no vetusto Palácio da Marechal Floriano. Tudo ali efervesce, crepita, se renova. Desconfio que a vida cultural tão intensa – em plagas usualmente tão plácidas – vem deixando os cisnes do Itamaraty à beira de um ataque de nervos.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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