Não de hoje venho bradindo minha indignação pela má-qualidade do ensino no país. Eu, que experimentei a epifania redentora do Colégio Pedro II – Internato nos anos 50, sempre acompanhei desolado a decadência do ensino médio – e também do primário e do universitário, igualmente em crise nessas últimas décadas.
Pois bem, um novo Ministro da Educação acaba de se empossar, substituindo Mendonça Filho. O que ele pretende fazer, que recursos manejará, que idéias criativas poderão ser destiladas, ninguém ainda sabe. Nem haverá de saber. Até porque lhe restam poucos meses de governo. Mas à insegurança que gravita na área federal não corresponde, felizmente, a solidez que todos nos acostumamos a ver e ter no SESC de todo o Brasil. E agora no Rio, com a posse de novo e competente gestor, o professor Luiz Gastao. Ou seja, a paz acaba finalmente de ser celebrada para unir o SESC-Rio ao SESC Nacional e à CNC, a vetusta Confederação Nacional do Comercio. O que é ótimo.
Ao refletir e amargar o dissabor da realidade em que chafurda o nosso ensino, não posso deixar de exaltar a chegada do novo diretor do SESC-RIO. Que certamente unirá esforços no sentido de fortalecer ainda mais o arrebatador exemplo de como se deve proceder para salvar o ensino médio do país, e que é Escola-Modelo do SESC, em Jacarepaguá, bairro a oeste do Rio. Desde que lá proferi conferencias , ela passou a ser minha menina dos olhos. Meu sonho de consumo para a redenção do ensino.
Imagino que os chamados burocratas pragmáticos – que infestam o Estado-Gigante do Brasil – proclamarão de imediato que: 1- é escola quase privada, a do SESC, uma instituição dos comerciários, 2- contempla apenas uma exceção. E gravita no campo do sonho, do ideal, do não atingível em um país pobre em educação, pouquíssimo contemplada em recursos por este governo – e também por todos os outros. Sim, tudo isso pode até ser verdade ante uma realidade assustadora, a do Brasil de hoje. Mas o sonho deve ser perseguido. O que se entende por não-possível há de ao menos ser esboçado, mesmo que sutilmente.
O milagre que nutre a Escola-Modelo de Jacarepaguá se baseia na meritocracia dos alunos. E, sobretudo, na organização estratégica de seu funcionamento, em modelar regime de internato (com professores bem pagos e residentes no campus). Os jovens do ensino médio são recrutados entre os melhores de todo o Brasil, tal como nos meus tempos de Pedro II, Internato. Ou seja, um Colégio para ajudar a formar uma possível elite intelectual da nação, nos moldes feitos em países que levam a sério a educação . E a si mesmos.
A Escola-Modelo do Rio – até gostaria de me estender mais sobre ela – é uma realidade capaz de apontar caminhos para uma futura redenção (vamos ao menos sonhar, que nada custa) do quadro entristecedor do Ensino-Medio . Que acabrunha e envergonha por décadas a fio este país tão insensato
Rio, 13 de abril de 2018
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cravo Albin