Não de hoje eu clamo – quase sempre em vão – pela defesa intransigente do patrimônio da cidade de São Sebastião. Mas a que patrimônio refiro-me eu, em matéria que pode até parecer vaga e difusa? O patrimônio da cidade, na verdade, é enorme e se espraia por quase todas as direções onde alcança qualquer olhar mais atento Numa cidade – um luxo só em belezas e em diversidades únicas no mundo – na qual montanhas, lagoas, praias são patrimônios constituidores, vale a pena nem abordá-las. Até porque os muitos problemas que as povoam – tipo favelização nas encostas verdejantes e poluição nos recursos hídricos – já estão sendo, aqui ou acolá, objeto
de alguma proteção. Especialmente agora, com os esforços da NOVA CEDAE dando fim as choramelas quase eternizadas da poluição em sistemas lacunares, nas praias e, sobretudo, na Baía da Guanabara. Refiro-me aqui um órgão municipal específico, e que se chama Subsecretaria de Patrimônio Cultural, Intervenção Urbana, Arquitetura e Design, nome cumprido, mas que vem sendo trabalhado por um competente arquiteto, o Washington Fajardo. Cabe a ele cuidar e tutelar o nosso patrimônio material e – o mais surpreendente – o imaterial. Fajardo já tombou a obra completa de Burle Marx. E agora tomba o Cemitério de Inhaúma (Judaico), onde as prostitutas polacas foram enterradas a partir do começo do século XX. Mas sua grande tarefa agora é tombar, junto à UNESCO, a “paisagem cultural” da cidade do Rio. Este é um desafio tão sedutor e importante quanto a gestão das APACS, que são os órgãos municipais que cuidam das ambiências culturais dos bairros cariocas. A maioria deles enxovalhada pela cegueira de uma persistente especulação imobiliária. Que por um triz não destruía toda a cidade. Ricardo Cravo Albin Escritor e Jornalista www.dicionariompb.com.br