Hoje não abordarei as convergências de assuntos mais ligados ao Rio. Isso porque acabo de chegar de Belo Horizonte, aonde fui tomado por surpresas e prazeres ao conhecer, finalmente, o parque ecológico de Inhotim. Parque ecológico? Não, muito mais. Trata-se de um museu sensacional, encravado dentro de um braço de floresta de grande extensão, ornamentado por detalhes de organização concebidos, aqui, acolá, por Burle Max.
Adentrar o pedaço de mata cuidadosamente aquinhoada e preservada em toda a grandeza de detalhes, provocou-me o indescritível prazer. Mais que isso, orgulho. Daqueles de estufar o peito. Mas o melhor de tudo estava por vir. Mal acreditei no que ia passando ante meus olhos. Pequenas construções brotavam ao longo do parque como flores arquitetônicas, uma afastada da outra, por até um quilometro. Estas construções, refinadas em forma e em espaço – até porque projetadas por arquitetos sofisticados -, abrigam exposições dos artistas mais significativos do Brasil. E todos inseridos na contemporaneidade atrevida de suas criações. Ver para crer. Pequenos museus espalhados no verde luxuriante da floresta-jardim. Em cada um deles podem-se apreciar mostras individuais de nomes consagrados da chamada arte contemporânea, como Beatriz Milhazes ou Tunga, com suas “instalações” (sinônimo para esculturas, vamos simplificar os nomes). São obras monumentais de tirar o fôlego. De surpresa em surpresa, ainda cabe registrar o conjunto arrebatador de adoráveis bancos de madeira espalhados no parque, todos eles troncos de árvore monumentais, preservados com primor. Ou até o restaurante (de qualidade e elegância), plantado no parque verdejante.
Não, não pense que esta maravilha foi concebida pelo Estado. Foi criada e posta em pé por um único homem, Bernardo Paz (guardem este nome), um empresário mineiro que fez de sua fazenda (em torno de 50 km distante de Belo Horizonte) um Jardim do Éden. Paraíso artístico que abisma centenas de visitantes a cada dia, sobretudo estrangeiros – alguns vêm ao Brasil só para visitá-lo.
Sua curadoria está hoje entregue ao artista Antônio Grassi, a quem fui levado pelo escritor/poeta, meu amigo Rogério Tavares, animador da Academia Mineira de Letras. Inhotim, julgo eu, atesta o esplendor de ser o museu mais original do mundo. Digo isso sem patriotadas, sem arroubos incandescentes.
27 de novembro de 2015
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto
Cultural Cravo Albin