Acaba de ser formalizado ao IPHAN o pedido de tombamento da “forma” das escolas de samba do Rio de Janeiro como bem imaterial do país, a partir da matriz de origem, a carioca. Uma saga iniciada por bambas como Ismael Silva e Cartola.
Costumo refletir sobre a grandeza do desfile e sempre considero que ainda há muito a se escrever e a se estudar sobre a forma do desfile, hoje em seu apogeu.
Dizer-se que a forma da escola de samba é a de uma ópera popular é uma soleníssima asneira. Será muito mais, pela dinâmica da dança que prossegue sempre para frente, uma procissão com alas fixas e carros alegóricos. Os 80 minutos de desfile por quase um quilômetro podem ser considerados a mais arrebatadora e original das contribuições do povo miscigênico carioca para a definição estética do canto + dança + fantasias em torno da alegria solar, dionisíaca, embora fugaz qual um raio.
Os produtores acadêmicos do Instituto Cultural Cravo Albin – que encaminharam o pedido de tombamento à superintendência do IPHAN-Rio, aos cuidados do arquiteto Carlos Fernando de Andrade – estão sendo respaldados por duas universidades, a UNIRIO e a UERJ, além da LIESA.
E como as normas de tombamento como bem imaterial – insisto, apenas a forma da escola, que se arma no momento mágico do desfile e se escoa depois dele – exigem a localização de uma escola individualizada, optou-se pela Vila Isabel.
Berço do samba, de Noel e de Martinho, a Vila representará as outras centenas de escolas existentes em todo o país. E, já hoje, espraiadas por boa parte do mundo. Dos EUA ao Japão.
Ricardo Cravo Albin
Escritor e Jornalista
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