Sempre me contristou a duvidosa qualidade do ensino no Brasil.
Nem me refiro às universidades, todo um capítulo à parte de queixumes, mas aos ensinos básico e médio. Neste último, um único detalhe – a evasão de alunos dos bancos escolares – já sinaliza a deficiência estratégica. Afinal, por que ocorre esse trágico abandono do saber estrutural? Certamente que por uma série de razões, a começar pela falta de comprometimento com ações que estimulem os adolescentes. Aqui e acolá surgiram ações positivas como os CIEPs, imaginado e posto em prática pelo gênio de Darcy Ribeiro. Ou projetos mais específicos como o MPB nas Escolas, uma proposta irradiadora para avaliar-se a estrutura da nacionalidade através da história da música popular. Voltando à idéia da escola integral (o CIEP), quero me referir a uma outra visão quase paradisíaca de ensino médio que jamais imaginaria presenciar. Pois bem, levado pelo acadêmico Marcos Vinicios Vilaça, fui dar uma palestra na Escola SESC de Ensino Médio em Jacarepaguá. Mal acreditei no que vi. Vi adolescentes atentíssimos e um corpo de professores que, suprema surpresa, não só é muito bem pago como também mora na escola, tal como, de resto, os alunos. Ou seja, a integração perfeita de assiduidade e de intimidade entre aluno e professor. Quem se aventurou a esforço tão benéfico quanto modelar foi o SESC. Que não de hoje representa um núcleo de excelência para bem pensar o Brasil.
Há pouquíssimas propostas sérias por parte dos políticos que são eleitos para dirigir a nação, principalmente por que não há nunca dinheiro suficiente para uma guinada radical na educação. Ou seja, não há qualquer possibilidade de o Ministério da Educação, em conjunto com as Secretarias Estaduais (que aliás, mal se comunicam entre si) implantar um plano que o SESC experimentou, com o mais reluzente dos resultados.
Pena… Pena e desolação para quem testemunhou nessa escola, como eu, o modelo ideal para mudar radicalmente as trevas em que vivemos.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin