Ano novo, vida nova. As academias – aquelas instituições que discutem, veiculam e promovem a cultura atual, e as letras em particular – têm mandatos bienais. E neste 2012 que agora se inicia as diretorias estão começando novas gestões. É o caso das duas – ambas de letras – mais importantes do Rio. Uma, cenáculo nacional de prestígio, a Academia Brasileira de Letras, acaba de empossar a escritora Ana Maria Machado no lugar do também escritor Marcos Vinícios Vilaça. A outra, essa de perfil mais modesto porque regional, embora dotada das mais altas tradições intelectuais inauguradas por cronistas do porte de Lima Barreto e João do Pio, é a Academia Carioca de Letras. Ali, a poeta Stella Leonardos é substituída pelo ensaísta Nelson Melo e Souza. Pois bem, enquanto na primeira uma mulher, Ana Maria, escritora extraordinária de literatura infantil, ocupa o lugar do sempre festejado escritor e grande figura humana, Villaça, na segunda dá-se o inverso. Um homem, professor, ensaísta de nomeada, Mello e Souza, senta-se na cadeira da mulher rara em delicadezas e finesses literárias que sempre foi Stella.
Isso diz bem das musculaturas saudáveis que as Academias de Letras ostentam no momento presente. Porque convenhamos, num país em que nem sempre as boas tradições são respeitadas, nem muito menos os eleitos por colegiados são os mais convenientes, o que se comprova no exemplo que agora fui pinçar (com lupa) para vocês está a demonstrar três coisas que convergem: sabedoria, bons votos e sentido de permanência nos escolhidos, além de respeito.
Por isso tudo, 2012 promete necessariamente não apenas continuidades saudáveis em órgãos que vem funcionando regular e quase sempre brilhantemente.
Porque, ao menos nas Academias Brasileira e Carioca de Letras, esperam-se também novidades de gestão a partir do terreno fertilizado com empenho e acerto pelos dois presidentes anteriores. Ou seja, numa frase curta e direta, boas sementes só podem dar mesmo bons frutos.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin