Os da minha geração – anos 50/60 – bradávamos uma frase de guerra nos bancos universitários: “O Petróleo é nosso”. Naquela altura, a Petrobrás engatinhava e os arreganhos dos “entreguistas” (como chamávamos os que não acreditavam no petróleo do Brasil, nem no próprio Brasil) ainda existiam. Nunca me esqueço de que uma chanchada gloriosa do cinema nacional (anos 50) tinha igual título deste artigo e fez furor nas salas de exibição da época. Bons tempos aqueles, em que eu assessorava meu professor na Faculdade Nacional de Direito Francisco Mangabeira (filho de João , fundador do PSB).
Mestre Chiquinho, já na Presidência da Petrobrás, me dizia com aquele ar de gênio desengonçado: “Meu filho, é preciso estar sempre alerta às palavras do sábio Monteiro Lobato: este país está entupido de petróleo”. Agora, tantas décadas depois, a questão se torna mais aguda em dois aspectos. A primeira é a indecente mordida que se pretende impor aos estados produtores, como o Rio e Espírito Santo. A segunda é a falta de – no calor do debate – mal se ouvir falar sobre como esses recursos do pré-sal vão ser aplicados. Por que não se defere à educação, com necessária extensão à cultura, uma parte? Parece-me uma possibilidade de claríssima salvação nacional um debate mais amplo sobre esse assunto. Agora mesmo, o pequeno município de Maricá me informa de que seu prefeito pretende destinar um redondo 1% dos royalties para fomentar a cultura, ali bem atrelada à educação. É um ótimo exemplo para os afoitos no Senado e na Câmara que não atinam, com a lucidez necessária, para o processo de como aplicar bem, sem demagogia, os recursos nos municípios produtores.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cravo Albin