Num espaço cultural como este, volta e meia me refiro à necessidade decisiva de o Brasil aplicar mais em pesquisas. Só elas fazem convergir a essencialidade da ciência e da tecnologia. Pois bem: a FAPERJ, cumprindo agora 30 anos, acaba de realizar uma feira surpreendente no centro histórico do Rio. Vamos por etapas: as seis letras da simpática sigla significam a Fundação Carlos Chagas de Auxílio à Pesquisa do Estado do Rio. E a feira, realizada num prédio histórico da Rua Barão de Teffé, construído no Segundo Império pelo engenheiro negro André Rebouças (uma pura jóia), acabou por virar o “point” da semana. Apesar da divulgação nem tão grande assim, o evento foi um sucesso, a que acorreram milhares de pessoas, sobretudo estudantes. Lá estive, e me encantei com as palavras do Secretário Alexandre Cardoso. Que, entre outras revelações, deixou explícita uma verdade que faz este país mais afinado com seu grande destino. Sabem o que é? Aqui no Rio já se aplicam 2% do orçamento estadual (é muito dinheiro) em pesquisas, administradas com rigor e retidão pela FAPERJ. E mais: todos os 92 municípios do Estado sem exceção receberam verbas da Fundação. O Rio, louvado seja Deus, está à frente! Fico a imaginar se todos os estados da Federação – que andam assanhadíssimos para garfar os royalties do Rio – investissem em pesquisas com a coragem e desenvoltura do Estado Fluminense. O Brasil – que ainda está a nos dever um Nobel – já teria vários. Porque não nos iludamos: todos os países mais desenvolvidos do mundo são fortes exatamente porque levam a sério – e gastam bilhões – com as pesquisas. Que provocam não só conhecimento, mas, sobretudo, riquezas.
Ricardo Cravo Albin
Presidente do Instituto Cultural Cravo Albin