Sérgio Porto, ou o fero Stanislaw Ponte Preta. Ou o criador de personagens como Tia Zulmira e Primo Altamirando. Ou o único eleitor das Certinhas do Lalau. O fato é que ele foi um dos mais estimulantes e operosos intelectuais do Brasil. Até porque ele fez de tudo, na última década de vida (1958 – 1968), tanto na imprensa, quanto no rádio, na televisão e … na literatura.
Sérgio, escritor da obra prima “A Casa Assassinada” e cronista implacável do Febeapá (Festival de Besteiras que Assola o País) não morrerá jamais na memória do afeto carioca. E jamais morrerá não apenas por todos esses motivos mal alinhavados aí acima. Mas também porque Sérgio terá sido um musicólogo de primeiríssima linha – eu que o conheci muito bem como seu companheiro do Conselho Superior de Música do então em fase de implantação Museu da Imagem e do Som.
Sérgio – devoto dos sambistas primiciais como Heitor dos Prazeres, Cartola e Nelson Cavaquinho – era cultor das mais refinadas vertentes do jazz norte americano, sobretudo o tradicional, tal como seu tio, o memorável Lúcio Rangel. Aliás, falando em Cartola, Sérgio Porto também entra mais uma vez na história da MPB como descobridor do grande sambista, no momento em que reconheceu o fundador da Mangueira lavando carros numa garagem de Ipanema.
Esta semana está aberta na Urca uma raríssima exposição sobre nosso adorável Stanislaw Ponte Preta na Av. São Sebastião, 2. A exposição foi levantada graças à generosidade de Arthur Rego Lins e Augusto César Rego Lins, filho de Elza, derradeira (e verdadeira) enamorada de Sergio Porto. E celebra o espírito do Rio no que tem de mais robusto, refinado e corajoso.
Ricardo Cravo Albin
Jornalista e escritor
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