.“A edição deste belo livro “Pedro I, Compositor Inesperado”, de que fui orientadora, consagra a dimensão do herói binacional Pedro I.” – Mary del Priore – Historiadora
A abertura bem-sucedida e inédita no Theatro Municipal dos festejos do Bicentenário da Independência do Brasil, neste 2 de setembro, me leva a refletir sobre a necessidade de se homenagear mais e mais o país que nos abriga em datas cruciais de sua consolidação. E essa velha cantilena de “patriotada” deve ser afastada de uma vez por todas…Refiro-me, como nos pedem tantos leitores, à raríssima Missa Solene na manhã da última sexta-feira no palco do Theatro Municipal para celebrar e exibir, em primeira audição mundial, a obra de Pedro I como inesperado compositor de música sacra, religiosa e ainda de hinos patrióticos, em especial o Hino da Independência de sua reconhecida autoria com versos de Evaristo da Veiga, talvez o mais belo do nosso hinário.
Seguem detalhes do evento único para 2.200 expectadores que lotaram o mais belo teatro do país com a finalidade expressa de homenagear o herói do “Independência ou Morte”, grito a ressoar pelo mundo às margens do Riacho do Ipiranga pelo Imperador do Brasil, logo depois de receber cartas da Corte no Rio, que lhe davam conta de sua prisão eminente pelas tropas portuguesas. Duas dessas missivas eram assinadas por dois também heróis da Independência, o Ministro José Bonifácio de Andrade e Silva e nossa Imperatriz, Leopoldina Habsburgo. Esta última, a primeira mulher a dirigir o Ministério do Império do Brasil, tornando-se não apenas o primeiro vulto feminino a comandar o país em momento decisivo, como também claríssima heroína. A quem se devem todas as mesuras e reverências pela coragem e amor ao país que adotara ao se tornar esposa de Pedro I e deixar a Corte do poderoso pai austríaco.
Pois bem, na manhã do dia 2 de setembro iluminou a timidez acabrunhada com que o Brasil celebra sua data-chave, o Bicentenário de sua autonomia como Nação, data semelhante reverenciada com enorme vigor por nações fortes como, por exemplo, Estados Unidos ou França, fortes e importantes também por que se dão ao respeito para celebrá-las com tenacidade e aderência popular de multidões às ruas.
A FAPERJ lançou no Theatro um livro histórico no Salão Assyrio antes da Missa Solene, celebrando a originalidade – uma revelação mundial – do herói nacional Pedro I como compositor, aluno do genial Padre José Maurício Nunes Garcia. O livro contém CD e acesso através de QR code a 18 obras do Libertador, do qual se disse à boca pequena nas veredas do vetusto Theatro, seria antecessor de Heitor Villa-Lobos e até, por que não? De Tom Jobim.
A Missa Solene foi cuidadosa e amorosamente organizada e celebrada pelo Padre Omar Raposo e sua equipe agilíssima. Nosso celebrante é dos mais queridos sacerdotes da arquidiocese de São Sebastião.
O livro deste Bicentenário fez convergir um cadinho das muitas virtudes para o Emancipador, a saber, compositor inesperado e desconhecido, católico praticante (e não apenas boêmio e mulherengo como por vezes é erroneamente evocado), homem de cultura e saber (seu “Credo” em puro latim clássico, com seis movimentos arrebatadores será, esperamos todos, executado a partir do Bicentenário em igrejas do Brasil e do mundo, já que o Vaticano receberá a obra para seus arquivos e também divulgação.
Por último, a perfeita adesão do nosso Theatro “número 1” fez reluzir uma manhã, a do dia 2 de setembro, que se tornou história na abertura do que o país aguarda a cada começo de setembro, o louvor e o amor ao Brasil ao começo da Semana da Pátria. A de número 200, então, mereceria o que o Governo fez em 1922, uma exposição internacional no Centro Histórico do Rio, com a demolição do Morro do Castelo. Ou seja, os cem anos foram muito mais intensamente evocados que os tímidos 200 de agora.
Fotos: @mariluz.rio.